Reportagem do Jornal da EPTV 2 entrevista os pesquisadores do CEPID BRAINN dra. Iscia Lopes Cendes e dr. Fernando Cendes sobre estudos que buscam compreender as origens genéticas da epilepsia.
Divulgação de reportagem do portal G1 Campinas e Região
Referência para o tratamento de epilepsias, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp tem, atualmente, 312 pacientes à espera por cirurgia. A fila, apontada como a maior dos últimos anos, faz com que a demora pelo procedimento chegue a dois anos.
Em média, a fila aumenta em 30 pacientes por ano. Para efeito de comparação, desde 2015, 160 procedimentos foram realizados no HC, em Campinas. O número de cirurgias vem caindo ano a ano – o menor volume foi registrado em 2020, por conta da pandemia da Covid-19.
Segundo o HC, o ambulatório realizou 2.569 atendimentos entre janeiro e setembro de 2023, alta de 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior (2.482).
Já os atendimentos de urgência relacionados à epilepsia vairma de 60 a 140 por mês, enquanto as internações variam entre 6 a 20 mensais.
Em nota, o HC da Unicamp defendeu que o cenário de filas é registrado inclusive em países desenvolvidos como Canadá e Inglaterra, e que no Brasil, por conta do tamanho populacional e universalidade do SUS, elas são “inevitáveis”.
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Referência
Além de ser um dos poucos centros do Brasil que realiza cirurgia para epilepsia, o HC da Unicamp é referência internacional para tratamento, treinamento e formação de especialistas na área.
- Quando nem a cirurgia nem o uso de medicações surtem efeitos, existem outros tratamentos disponíveis, como a implantação de estimulador vagal, que consiste em um chip que descarrega impulsos elétricos ao nervo vago para reduzir a frequência das crises.
- Além disso, há a possibilidade de recomendação de dieta cetogênica, que consiste em alimentação rica em gordura e pobre em carboidrato. Segundo os especialistas, “a cetoacidose atua como inibidor dos disparos neuronais e ajuda no controlar as crises”.
- Há ainda o uso do canabidiol, que já é utilizado em outros tratamentos de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson e ansiedade, por exemplo.
Estudo
Cientistas da Unicamp participaram de um estudo global sobre a arquitetura genética das epilepsias, que analisou dados de milhares de pacientes. A universidade de Campinas foi a única instituição da América Latina a participar do estudo. O artigo foi publicado na revista científica Nature.
A pesquisadora Íscia Lopes Cendes, uma das autoras do artigo, destacou a importância do estudo com uma amostragem tão variada – 30 mil pacientes com epilepsia, e outros 50 mil de controle.
“Muitos dos estudos anteriores a respeito de várias doenças foram realizados predominantemente em populações europeias. Essa é a primeira vez que temos um estudo, principalmente no caso das epilepsias, com populações tão diversos”, destaca.
Descobertas
A pesquisa identificou 26 pontos no genoma que apresentam significância estatística para predisposição à epilepsia generalizada, um tipo de epilepsia que afeta os dois lados do cérebro.
Segundo os cientistas, essa lista de genes podem orientar estudos futuros sobre a doença, além de auxiliarem na descoberta e formularam de novos medicamentos.
De acordo com Íscia Lopes Cendes, a epilepsia é uma doença que acomete entre 1% e 2% da população mundial, sendo que um terço não responde adequadamente às medicações disponíveis atualmente.
Desafios
Os pesquisadores não encontraram na análise genética pontos estatisticamente relevantes para as chamadas epilepsias focais, que têm origem em apenas um lado do cérebro.
Apesar disso, os cientistas identificaram pontos que sugerem a possibilidade de localização genética que aponta a necessidade de dar continuidade aos estudos sobre o tema.
A pesquisadora da Unicamp desenvolve estudos sobre a epilepsia de lobo temporal mesial, um tipo de epilepsia focam em que quase dois terços dos pacientes não reagem bem aos tratamentos medicamentosos.
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