Tecnologia assistiva é um termo utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente, promover vida independente e inclusão. [1]
18 de Abril de 2016
por Erik Nardini Medina *
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – UM PANORAMA
A “Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência”, mais recente levantamento sobre o tema produzido no país, oferece um panorama sobre as pessoas com deficiências de visão, audição, mobilidade, mentais e intelectuais.
O documento, publicado em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 23,9% da população (45.606.048 pessoas) apresenta algum tipo de deficiência entre as cinco categorias mencionadas, sendo que 7% sofrem de alguma disfunção motora.
APARELHOS ASSISTIVOS: PRECISAMOS DE MUITOS
Os atores envolvidos em trabalhos relacionados às tecnologias assistivas não são poucos. Além da iniciativa privada, a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que são necessários “mais de um bilhão de produtos assistivos hoje” e que o número subirá para “mais de dois bilhões em 2050”.
Em importante iniciativa, inspirada na bem-sucedida “Lista de Medicamentos Essenciais”, a entidade desenvolveu a “Lista Modelo de Produtos Assistivos Prioritários”, que esteve aberta a respostas públicas no intuito de compor uma relação com 50 produtos essenciais para pessoas com algum tipo de deficiência. Descubra mais clicando aqui.

Dar mais liberdade a quem se locomove em cadeiras de rodas é um dos objetivos dos grupos de pesquisa.
E O QUE OS PESQUISADORES ESTÃO FAZENDO?
Muita coisa, nós diríamos! Por mais que o desenvolvimento pareça caminhar a passos curtos, há uma ativa comunidade de pesquisadores trabalhando intensamente no desenvolvimento de máquinas que podem vir a mudar radicalmente a autonomia de pessoas com deficiência.
A chegada desses equipamentos ao mercado ainda é uma incógnita. Ciência, afinal, é também um exercício de paciência.
UMA CADEIRA DE RODAS ROBÓTICA SENSACIONAL
Um dos mais importantes projetos assistivos em andamento no Brasil está na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Um time de pesquisadores, agora vinculado a nós aqui do Brazilian Institute of Neuroscience and Neurotechnology (BRAINN), trabalha no protótipo de uma cadeira de rodas robótica que pode ser controlada por movimentos de cabeça e face.

Modelo da cadeira de rodas assistiva sendo desenvolvida pela equipe do BRAINN.
“Nós fazemos pesquisas em diversas frentes, tais como em tecnologias que respondem a expressões faciais, outras a partir de estímulos visuais (eyetracking), acionadas por voz e, finalmente, tecnologias baseadas em Brain-Computer Interface (BCI), que é a possibilidade de converter pulsos cerebrais em comandos reconhecíveis por computador”, esclarece o professor Eleri Cardozo, membro da equipe. Parece ficção.
O pesquisador revela que não há nenhuma previsão para que o protótipo chegue ao mercado, mas as ambições dos envolvidos geram enorme expectativa.
“Os testes em laboratório são essenciais para que possamos produzir um equipamento confortável, um equipamento para ser utilizado o tempo todo de forma natural”, explica Cardozo.
“Nossa expectativa não é lançar uma cadeira de rodas completa, mas colocar o que há de melhor de toda essa tecnologia em um módulo que possa ser instalado em uma cadeira de rodas comum, algo que a pessoa já tenha”, prossegue.
ASSISTIVO E ACESSÍVEL

O pesquisador Eleri Cardozo, do BRAINN. Foto: Antoninho Perri/UNICAMP
Cardozo espera que o módulo, quando lançado, seja mais acessível do que outras cadeiras disponíveis no mercado. Acostumado a receber contatos de pessoas de todas as partes do país querendo comprar a tecnologia, ele é enfático ao repetir que não há qualquer previsão de quando o produto será lançado.
Futuramente, no âmbito das políticas públicas de saúde, estratégias podem vir a ser articuladas para subsidiar parte do custo ou mesmo o total do produto, mas isso é algo que só poderá ser discutido com profundidade quando a tecnologia estiver, de fato, disponível.
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[1] Bersch e Tonolli
* Jornalista formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), aluno da especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor/Unicamp). É bolsista MídiaCiência/FAPESP.